“Isto se experimenta na própria fala: uma coisa é o que tu queres comunicar; outra coisa é aquilo que deixas passar, mesmo sem estar percebendo, como os atos falhos, por exemplo. Outras vezes, tu queres dizer algo e dizes, exatamente, o contrário do que desejarias que o outro viesse a compreender. Em momentos assim, tu te percebes assujeitado a uma ordem, uma estrutura mediada pela fala que te torna descentrado. Outras vezes, há pessoas que, ano após ano, repetem os mesmos erros, como se caminhassem em círculos, sem encontrar saída para uma nova situação. Um fardo? Eu te digo: tu colecionarás desnecessários sofrimentos por decisões tomadas, nem sempre acertadas, em razão de certas inscrições que trazes contigo. Contudo, não foste criado apenas para repetir experiências negativas do passado, tu foste criado para a vida e a vida é a teu favor, está a teu lado. O que fazer? Precisas ter um espaço de fala pelo qual tu possas dizer do que contigo se passa, mesmo que, ao dizer, não entendas. Na fala e na escuta, poderás perceber a matriz do que te aliena e conduz tua vida por vias que fogem ao teu querer.”
(Pe. Airton)
“Não estás só, não vives isoladamente, nada surge do nada, tudo é consequência de um anterior momento. Tudo está ligado a tudo, mesmo que, por algum momento, isto te pareça absurdo. A nossa vida é uma constante procura. Há quem, exatamente, perca-se em tendo um sentido para viver, com uma razão para continuar, um motivo para lutar e querer vencer. Neste estado de inacabamento, não isento de sofrimento, tu poderás te encontrar, bem como te perder e fazer outros se perderem. Tu poderás realizar-te, frustrar-te ou vir a frustrar também. Presta, então, bem atenção, sobre as consequências dos teus atos. Não só para o imediato têm consequências o que fazes. Difícil, por vezes, é perceber o significado de algumas situações pelas quais temos passado. Nem sempre é fácil, a partir de certos sinais, saber como proceder. Se os sinais, em princípio, podem te orientar, eles, algumas vezes, apresentam-te uma gama de possibilidades e somente uma dentre elas é aquela que corresponde à melhor opção no momento.”
(Pe. Airton)
“Nem sempre tuas escolhas foram tuas melhores opções. Mas, há que se registrar que a historia de tua vida é a história de tuas escolhas até agora realizadas. Considera, pois, aquilo que tens ainda a fazer e observa se estás ou não atualizando coisas não resolvidas num passado recente ou distante e que, agora, com outra roupagem, vem, como forma de fazer acontecer. Por que assim tem sido? Ao menos isto admites? Por que teus atos, por vezes, fazem de tuas palavras os mais claros desmentidos? Por que nem sempre és preciso? Por que ages – mesmo quando queres acertar – de forma classicamente indevida? Por que existem coisas que, a partir que ti, levam-te a realizar o que se volta, depois, contra ti, se voltarão? Por que a isto não resististe? Enfim, por quais fatos é mais marcante a história de tua vida até aqui? Observa se, a continuar desta forma, o que ainda em ti acontecerá. Considera como aqueles que contigo convivem, depois de um certo tempo, poderão reagir a essa forma tua de lidar com outros. Em que isto vai resultar?”
(Pe. Airton)