“E se os ventos de setembro tardarem a chegar? E se o calor de dezembro te fizer desesperar? E se o tempo da quaresma trouxer consigo o que nem consegues entender? O que fazer? E se as chuvas da estação seguinte te molharem por inteiro? E se o frio, em seguida, induzir-te a querer recuar? E se os dias de verão mostrarem não haver, para a estiagem, qualquer solução? Eu te afirmo: nada temas. Nada existe para permanecer, eternamente. Tudo o que vem, passa; o que hoje é, amanhã não será. Se tu souberes aproveitar o que de melhor a natureza te oferece, o que Deus, por graça, diariamente, está a te dar, tu entenderás a necessidade de seguir em frente, vivendo com sobriedade, cultivando a felicidade, malgrado alegre ou triste possas estar em algum momento. Tudo tem seu tempo, seu ensinamento. Tudo tem sua duração e traz consigo uma lição. Não te retenhas, pois, demasiadamente, em nenhuma das estações. Tu avanças à medida que incorporas os valores apreendidos anteriormente. Quer nos ventos de setembro, quer no calor de dezembro, quer nas chuvas que prenunciam novo tempo, quer no açoite dos ventos, quer no frio da nova estação, quer em meio a muitos ou em solidão, em qualquer momento, aprende a lição que cada fase traz consigo.” (Pe. Airton)
“Tu poderás dar destinos diferentes a certas oportunidades que te surgirem pela frente se tu não mudares o que está em curso em ti, já intimamente. O que fazer daquilo que chega, a partir da natureza que está no teu ser? A esperança do achado é o que te faz querer avançar. É preciso saber o que queres e aonde queres chegar. Oportunidades te serão apresentadas, e administrando-as tão somente para resolver o imediato da situação, não olharás o todo, e tu poderás te perder naquela ocasião. Não olhando o todo, tu te perderás nas partes. Evita qualquer embaraço, por deliberada decisão; e se tu sabes que nesse ponto ainda és frágil, convém por esse terreno não querer avançar. Pois, com certeza, enveredando por algo em razão de determinado momento, ou por achar que ele encurta distâncias, ou que te leva a viver com intensidade tão somente aquele momento, sem que ele faça parte do objetivo que queres alcançar, tu poderás avançar, sem chances mais de regressar. A idas que não tem mais vindas, disso a vida tem te mostrado, tem te ensinado. E há aqueles que vem e não querem mais voltar. A questão está de que lado tu queres estar, e aonde tu queres chegar.” (Pe. Airton)
“Ao se ter fé, coloca-se a questão, como divisor de águas, do que é idílico, do que é possível. O idílico faz parte da natureza dos sonhos: sonhos não sonhados, sonhos acordados, sonhos mal dormidos, sonhos realizados. E o que é possível é aquilo que se torna presente a partir das condições que o sujeito traz consigo num determinado momento. Se o teu desejo coincidir com o desejo do teu Pai que está nos céus, este ponto de congruência resultará ser possível algo de novo acontecer. Se entre ti e aquele que mais próximo de ti estiver houver pontos coincidentes, é muito possível que a ação dos dois seja convergente e aí possam se encontrar. Em não havendo pontos de coincidência, tentativas haverão, até jogo de sedução, apelos decifrados ou semi-decifrados, rogos, pedidos, mas nunca se farão encontrados. Por isso, procura, neste exercício, neste ponto de tua caminhada, distinguir o idílico do possível.” (Pe. Airton Freire)