“Faremos, juntos, algo similar a um trajeto, uma caminhada. Nós nos exercitaremos juntos. Sempre juntos estaremos. Aliás, viver é uma forma de, permanentemente, caminhar. Os acontecimentos da vida nos interpelam e nos exercitam a ter que um posicionamento tomar. Cabe, em razão disso, discernir, saber escolher por qual caminho trilhar. Cabe-nos, tendo o Senhor por modelo de vida e companheiro de caminhada, caminhar, caminhar, caminhar. A Palavra que Ele é constitui Vida que Ele nos traz. Sua palavra tem algo a nos dizer. Ela nos leva a nos exercitar. Afinal, em algum ponto, alguma área de tua vida, imóvel ou tendente à imobilidade, poderá estar. Convém exercitá-la. Quanto mais sincera, regular e concretamente tu fizeres, melhores resultados obterás. Caminharemos, fazendo exercícios, exercitando-nos no Caminho. Confia: juntos estaremos. Ele, conosco, também estará. Ele, afinal, nessa tarefa, é quem nos unirá, é quem nos acompanhará.” (Pe. Airton)
“‘O desejo de meu Pai’, disse, certa vez, Jesus, ‘é que nenhum deles se perca’ (Jo 6, 39). Infelizmente, possibilidades de perdas existem, mormente para os que amam, porque se tornam mais vulneráveis. Possibilidades de perdas existem para os que se negam a amar, sobretudo porque não se cativam nem se permitem cativar. Possibilidades de perdas existem para todo ser de desejo, para todo aquele que deseja, porque, ao desejar, poderá, nos objetos, vir a se alienar, sobretudo quando elege o objeto como aquele que fará, de sua falta, a obturação. ‘Tu obturarás a falta que há em mim, tu fecharás a cicatriz que trago comigo, tu me trarás a redenção’. Este é o discurso da alienação. Agora, se juntos caminharmos como faltantes, como demandantes, com reconhecimento da brecha que trazemos nós, com certeza, chegaremos aonde nos propusermos chegar, se a graça de Deus nos permitir e se anos de vida ainda tivermos até lá. Eu queria te pedir que, pelas perdas, não viesses tu totalmente a te perder. Que pudesses fazer de tuas perdas atos de ganho, porque, mesmo perdendo, poderás ganhar. Eu queria, também, pedir-te que não pedisses a Deus a graça de conseguir e, uma vez conseguindo, não soubesses como lidar, porque sofrerias por chances mais uma vez perdidas, talvez não mais encontradas. Se quiseres atualizar, numa situação nova, uma situação já passada, perderás a riqueza de descobrir o encanto da situação presente, porque sobre ela farás uma superposição. E, querendo resolver questões da mente, tu te perderás por razões do coração. Pois aqueles que só vivem para a mente podem morrer, podem se perder pela frieza dos cálculos, pela ausência de emoção. E aqueles que vivem só pelo coração correm grandes riscos de sofrerem os riscos e os perigos da paixão. Mantém, pois, o equilíbrio entre coração e mente; e que não diga a tua boca o que teu coração desmente; e não se ocupe o teu pensamento daquilo de que não participa o teu coração. Do contrário, sofrerás perdas e danos, ao invés de ganhos e superações.” (Pe. Airton)
“Profundamente simples e realista, tanto a ti quanto aos outros, procura ser. Os pés no chão e o olhar para frente procura manter. Sê generoso e sério, como um pai ou uma mãe, um irmão ou amigo (a) precisam ser. Tempo algum tenhas a perder. O tempo urge. Carpe diem. É tempo de não ter tempo a perder. A vida simples, feita de gestos simples, consiste em propiciar e manter o encontro e não em somente juntar e, depois, largar à própria sorte. São gestos simples que aproximam, que falam muito; fazem emergir o que jaz latente. Volto a dizer, contudo, isto é uma opção. Ao invés de se continuar por outra via, essa que conduz à exaustão, esta é preferível àquela cujos resultados já se fazem ver.” (Pe. Airton)