“O que prova uma ação? Que ela teve um começo (intencional ou não) com possibilidade de ficar no (in)conluso de sua execução. Quanto a onde ela levará, isso nem sempre é previsível. Por que há coisas que nascem e fogem do controle como certas atitudes não pensadas e certos atos não suficientemente avaliados que resultaram em coisas as quais nem sempre é bom relembrar. O que provoca uma ação? Em que resulta uma ação? Sobre isso, convém pensar; do contrário, poderás tropeçar em teus próprios pés, conhecer determinados reveses, coisas que a princípio nem poderias imaginar. Considera que ações conduzem tanto a união quanto a separação. E o que separa a ação vem de um conjunto de elementos nem sempre pensados e avaliados; igualmente se diga de seu contrário, a omissão, por exemplo. Sejamos claros: existem ações que nunca puderam ser avaliadas. Existem falas que, na melhor das intenções, nunca puderam ser efetivadas. Há pessoas que se compreendem, há muito, para realizações e, em razão disso, nunca pensaram em fazer paradas. Contudo, o que impossibilita o prosseguimento de uma ação é não se perceber sentido em sua continuidade ou na necessidade de se fazer paradas – algo fundamental – durante um percurso. O que não é alimentado não tem condições de seguir em frente. Enfatizo: fazer sem sentido e desconsiderar as paradas são atitudes que conduzem a quebras, descontinuidades, abrindo um hiato entre a intenção primeira e seus resultados.”
Pe. Airton Freire
“Obedecer não significa violentar a vontade, mas colocar-se no plano daquele que veio para salvar, para conquistar, para redimir, isto que tem lugar a partir de dentro e transborda no agir. Obediência requer educação da vontade. Obediência requer sinceridade, disponibilidade, autenticamente no Senhor firmadas, para que sua obra seja, acima de tudo, amada e por nada e por ninguém seja maculada, desviada. Obedecer é expressão do ato de crer; não se trata tão somente de cumprir uma ordem a ser executada, mas de adesão interna, primeiramente, ao amor de onde ela é emanada. Atento, na obediência, convém ficar ao bem que ela traz consigo. Frutos da obediência são, entre outros, o educar na fé e o oferecimento de uma chance de aliar-se ao projeto do Senhor, por ele viver e nele se encontrar.”
Pe. Airton Freire
“É preciso, apenas, que, com muita verdade, tu te coloques diante da Palavra e permita-lhe a chance de agir em ti. Acredita: a raiz que te criou é santa, o princípio que te trouxe aqui é santo, é o teu Pai cujo nome é amor, o teu Senhor, o teu Salvador. Então, com muita verdade, coloca-te diante dele, e que não se façam surdos os teus ouvidos ao clamor de suas súplicas, porque, embora sendo onipotente, isto ele mendiga, como se fosse, ele próprio, um mendigo, como um pedinte que batesse à tua porta. Lembra-te de que quem pela sabedoria madruga não se cansa e, sentada, vai encontrá-la à sua porta. Ela se deixa encontrar por aqueles que a procuram e vai ao encontro dos que se põem ao seu caminho. Meditar sobre ela é acercar-se da imortalidade. Aproximar-se dela é conhecer os desígnios do Senhor. Busca, pois, a sabedoria, a que vem de Deus, e não só o acúmulo de conhecimento. Busca a sabedoria, a que vem de Deus e pergunta-te: por que, Senhor? O que eu preciso retomar? O que eu preciso retificar, modificar? O que eu preciso ratificar, confirmar? Mesmo que isso custe um certo preço, como ter que certas coisas largar e outras retomar. O critério de decisão é a Palavra, aquela que nunca te enganará, à qual precisarás ser fiel, aquela que confere sentido aos teus dias, aquela que não engana, aquela que só te ama, aquela para quem os últimos passos de tua vida haverás de dar. Aquela com quem, enfim, tu te encontrarás.”
Pe. Airton Freire