“Existem, na vida, valores dos quais tu não podes abdicar. Existem, na vida, elementos dos quais tu precisas abrir mão para poder continuar. Se o vento for forte, caule e raiz, por serem essenciais, hás que preservar. São como os valores dos quais não podes abrir mão. Quanto à folhagem, deixa-a ir. Passada esta estação, uma nova folhagem virá. Se intactos estiverem caule e raiz, o resto, com o tempo, voltará. Existem coisas em relação às quais tu precisas manter a inflexibilidade, a firmeza, a certeza de que fizeste um discernimento e de que é clara a opção que escolheste e que manténs. Existem, contudo, coisas as quais tu não precisas levar a ferro e fogo, como um capricho, como se não houvesse nada depois disso a fazer. Pode ser que, permanecendo inflexível, em alguns pontos, tu possas vir a te quebrar, rachar, sem saber, ao certo, mais tarde, como tudo isto haverás de manter. Distingue o que é essencial do que for trivial, faze um discernimento acerca do que precisa ser mantido e daquilo que pode ir embora, porque, com o passar do tempo, em outra situação, tudo isto poderás de novo reaver. Em um ponto de apoio, tu precisas te manter: é o inegociável da questão. De outros pontos, com certeza, a depender do momento, haverás de abrir mão. O essencial é o que se opõe ao trivial, mesmo que este trivial tenha para ti muita importância.” (Pe. Airton)
“Que não venhas tu a te perder por sempre querer ganhar, pois, em perdas múltiplas, muitas coisas poderias aprender, coisas estas que não aprenderias se sempre, na vida, ganhasses. Ganhos e perdas, em tua vida, haverás sempre de ter. A questão está no sentido que isto trará consigo por uma forma específica de viver. Um dia, hás de reconhecer, nas lições do que tens vivido, parcela do que assimilado ainda não tenha sido. Por esta brecha, alarga-se, mais tarde, a possibilidade de se agir pela via do indevido. Com outra situação, ainda, é preciso ter cuidado: a de permanecer, insistentemente, querendo encontrar em tudo imediato resultado. Um dia, haverás de perceber que é possível errar, querendo acertar. Um dia, contrariando tua própria vontade, tu te perceberás, não raramente, revivendo fatos do passado que muito te magoa. Marcas existem e persistem em relação a tudo o que, até pouco tempo antes, tolhia-te a espontaneidade de viver, revelando-te preso a certa realidade.” (Pe. Airton)
“Considera, portanto, que toda ação produz efeitos, com seus limites, mutações, erros e acertos. Em parte, depende de ti o sucesso do que vieres a fazer, mas há algo de imponderável e inesperado que nos resultados também poderá influir. Tu precisas estar atendo aos movimentos internos e externos que nortearão, determinarão o prosseguimento de um pensamento, de uma intenção. No que depender de ti, que sejas tu coerente e veemente acerca do que pretendes fazer, mas que saibas, também, trabalhar as eventualidades, essas variáveis do planejado, aquilo que pode fugir completamente ao teu querer. Todo ato tem por efeito erros e acertos. Todos eles hão de ter tua marca, em razão de passarem por ti e enquanto, parcialmente ao menos, dependerem de ti, precisarão por ti ser administrados com sabedoria, equilíbrio e sobriedade, não descuidando-te do que te chega como eventualidade. Lembra-te de que o inesperado é a variável possível do planejado. Se não trabalhas com as variáveis, como tu poderás obter, em tudo, esperados resultados? Em parte, de ti muito depende, mas há coisas que de ti independem e, acontecendo, convém saber, com sabedoria, administrá-las. Do contrário, tu poderás não levar a bom termo a obra que tinhas tudo para bem realizar.” (Pe. Airton)