“Há certas coisas que, mesmo se fossem contadas, dificilmente encontrariam credibilidade da parte de alguém; sobretudo, em se tratando das experiências mais íntimas que se tem da alma. Quem disso ou quem a isso poderá dar crédito, se isto, um dia, não experimentou também? As experiências mais profundas que acontecem no ser do coração de cada homem, não poderão, via palavra, ser transmitida a ninguém, porque a palavra não recobre a totalidade de todo um acontecido, mormente aqueles que nos colocam muito mais para adiante do que nós de nós mesmos e muito mais próximos de nós do que qualquer via conhecida poderia levar a ocorrer. Por mais que disso viéssemos a compreender, ainda assim, estaríamos diante de uma dimensão que, por mais que dela disséssemos, ficaríamos dela muito, e muito ainda, aquém.” (Pe . Airton)
“Eu preciso fazer uma parada para avaliar, até porque nas paradas eu posso me alimentar. É preciso haver um intervalo, antes de novamente o pé ou os pés na estrada colocar, ao contrário de quem estivesse sempre a caminhar, sempre a trabalhar, sem pensar nem ao menos no sentido do que faz. E aquele que só faz, não se satisfaz. Aquele que só tem a fazer tem grandes riscos de vir a ser perder. Por isso, as paradas são necessárias. Há risco para alguns de parar e não querer continuar; há risco também para outros que só querem ir em frente, sem intervalo para o faz ou traz em mente. Tanto para uns quanto para outros há risco de perdas; tanto para uns como para outros a caminhada poderá, desde a partida ao seu objetivo, vir a se estragar e aquilo que tiver sido pensado, desejado, não vir a se alcançar. É preciso fazer paradas. É preciso que certos princípios, colocados na partida, sejam renovados para que, até à chegada, eles não tenham sido largados. Perdas acontecem, lembra-te, entre o anoitecer e o amanhecer, muita coisa acontece; entre o pensar e o executar, muita coisa pode se passar; entre a espera e a chegada, muita coisa pode ser alcançada, muita coisa pode também ser deixada. Por isso, é preciso que até os princípios que trazias contigo na largada sejam renovados, para que se faça com mais sentido a caminhada; e se estiveres, na verdade, cansado; se, na verdade, teu corpo estiver tombado, tua alma estiver sem orientação, busca, na verdade, um ponto de parada, onde possas te restabelecer, mas não fiques demasiadamente parado, porque isso pode trazer consigo um desgaste maior, o de não querer vencer.” (Pe. Airton Freire)
“O desamor não nasceu com Deus. O desamor nasceu dos teus amores exclusivos e que, dele, do teu amor primeiro, fizeste a exclusão. Amores exclusivos, exclusivamente dados, noites não adormecidas, temores para os quais não houve suficientes cuidados. O que, no mais íntimo de ti, causa sofrimento e dor tem como causa primeira a negação desse amor, o desamor. É o desamor que torna tua alma viciada, que faz do teu desejo um desejo aliciado, que nega a graça por igual número de vezes, 7, que são os sete pecados, capitais pecados. Se tu tiveres de temer, teme a ti quando, sem Ele, tu estás. Se tiveres de temer, teme a ti. Porque provas de amor, daquilo de que Ele é capaz, muitas Ele já te deu. Todavia, o que deste amor tu fizeste? Para onde o tempo transcorrido, este que viveste, transcorreu? Para onde transcorreu o tempo que viveste, o tempo vivido, este que, sem ele, tentaste viver? Não temas Israel, diz a palavra de Deus: tu és meu, tu és precioso aos meus olhos, tu és meu.” (Pe. Airton)